segunda-feira, 8 de julho de 2013

Responsável por 40% do abastecimento da capital, Rio Joanes está ameaçado

Entulho, mau cheiro, peixes e crustáceos mortos por conta da poluição. O atual cenário do Rio Joanes, responsável por 40% do abastecimento de água de Salvador e Região Metropolitana, é desanimador. O rio, que nasce no município de São Francisco do Conde, no Recôncavo, e desemboca na Praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas, está bastante deteriorado e sua situação se agrava a cada dia. Os esgotos de condomínios de luxo, das comunidades ribeirinhas e os resíduos das indústrias situadas próximas ao rio são os principais fatores de contaminação. "A sociedade não valoriza este importante patrimônio, não cuida, não protege e não fiscaliza o uso impróprio pelas empresas, fazendas, órgãos públicos etc", critica o ambientalista e secretário executivo do Conselho Gestor da APA Joanes Ipitanga, Caio Mário Vieira. Em entrevista ao Metro1, Caio explicou ainda que existem partes do rio que não estão completamente poluídas. "Da nascente do rio até as barragens de captação de água para abastecimento de Salvador, Polo Petroquímico de Camaçari e Simões Filho, a situação está controlada, embora sem a necessária proteção estratégica, em razão de ser um manancial de abastecimento de uma capital e de sua Região Metropolitana", relatou. Atualmente, não existem projetos de preservação ou de revitalização da Bacia do Joanes, apenas obras iniciadas em alguns municípios, cujos efeitos futuros podem ser positivos para o rio. No mês de maio, o Rio Joanes foi alvo de ação ambiental envolvendo mutirão de limpeza e plantio de mudas de espécies nativas em suas margens. Aproximadamente uma tonelada de lixo foi recolhida, e o material reaproveitável foi encaminhado para reciclagem pela Cooperativa Amigos do Planeta. Fonte de sobrevivência O que ainda garante a sobrevivência de quem depende do Joanes é a manutenção das barragens, que tem como consequência a venda da água e a remuneração de muitos empregados. Mas os pescadores e marisqueiros que dependiam do rio precisaram procurar outra atividade -- ou pelo menos uma outra fonte para garantir seu sustento. "A degradação das bacias expulsou os peixes, seus pescadores, suas marisqueiras, seus pássaros e mamíferos, batráquios, répteis, crustáceos, além dos seus microorganismos benéficos, transformando as calhas em grandes depósitos de esgoto", explicou Caio Vieira. ONG em prol do rio Sensibilizados com a situação do Rio Joanes, moradores de Lauro de Freitas e Camaçari criaram a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, a OSCIP Rio Limpo - Uma Corrente Para Salvar o Rio Joanes. A ONG, que foi criada também em parceria com os pescadores e marisqueiros, organiza encontros e caminhadas com o apoio de empresários e de associações locais, a fim de conscientizar a sociedade para não jogar lixo no rio, alertando-a sobre a importância da defesa do Joanes e de seus afluentes. A luta para salvar o Rio Joanes não conta com ajuda direta de nenhum órgão governamental. O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) têm ajudado em alguns aspectos, mas ainda não é suficiente. "O Inema possui muitas informações, gera muitas estatísticas, consolida muitos estudos e propostas, mas não possui autonomia jurídica para transformar estas informações em atitudes de revitalização", garantiu o ambientalista. "É importante a manifestação da sociedade civil organizada, não só pelo conteúdo, mas pela capacidade de traduzir as necessidades e oferecer soluções e propostas", alertou.

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