Rosto pálido, olhos amarelos e um semblante totalmente abatido é a condição em que seu Valnei Sampaio, 49, se encontra. Dona Maria Aparecida, 67, sofre de insistentes dores de cabeça e a pressão oscilando a todo instante. Num intervalo de exatamente meia hora o número de pessoas que chegou precisando de atendimento emergencial foi grande e aquele cenário então ficava cada vez mais doente e tortuoso. Estava ali um grupo de pessoas preocupadas, em busca de atendimento, medicamentos, em busca de saúde.
O socorro era deficiente, dispondo apenas de um médico plantonista e poucos enfermeiros ou técnicos; e mesmo com alguns desses problemas, parentes de enfermos que estavam na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira aguardavam com paciência uma resposta para o atendimento. Enquanto aguardávamos, por duas horas, a chegada do diretor-médico do hospital, que havia marcado horário para entrevista e não apareceu, observamos e descobrimos esse cenário na recepção do hospital. “Não tem nem leito, nem médico para atender todo mundo. A gente aqui faz o que pode, o essencial. Não temos nem UTI”, responde Jormília Santana, chefe do setor pessoal, ao ser questionada sobre a situação da Santa Casa.
Jormília ainda faz uma observação referente à reforma do hospital: as obras já foram inicializadas para melhor atendimento da população, mas não vai haver ampliação.
Seu Antônio de Jesus, 63, veio de São João do Iguape e espera, com sono e fome, a hora marcada, o momento da cirurgia da hérnia. Ele comenta que, por falta de um hospital em sua cidade seu acompanhamento médico acontece em Cachoeira. Satisfeito, seu Antônio diz ser bem tratado, queixando-se apenas da falta de compromisso com os horários, por parte dos médicos.
Cidalva dos Santos, acompanhante de um paciente, ao ser questionada sobre o que achava do atendimento da Santa Casa, respondeu: “É péssimo. Péssimo, sim, demoram para atender a gente, não tem médico suficiente, tem amigos meus que reclamam que vêm aqui e são mal tratados”.
Procuramos o vice-diretor do hospital para falar da situação pouco razoável da instituição. Clodomir Soares, que há 35 anos trabalha na Santa Casa de Misericórdia diz que eles fazem o possível para mantê-la e abastecê-la com o que o SUS manda de dinheiro. Além disso, perguntamos sobre a relação com o hospital de São Félix, sendo que algumas pessoas reclamavam que habitantes de Cachoeira não eram atendidos na cidade vizinha. “A verdade é que as verbas pro hospital de São Félix são pra atender quem mora em São Félix, e o dinheiro que chega aqui é pro pessoal daqui. Tem também uma certa rincha (risos) entre as prefeituras, né? Tudo aqui é política. De que forma? Vou dizer: aqui eu reino, mas não governo. A Santa Casa está devendo INSS, luz, telefone... entende?”, declara Clodomir.
* Matéria elaborada com a participacão de Jana Cambuí
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
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Matéria um pouco polêmica, hein colega?
ResponderExcluirMas é a realidade e jornalista tem que mostra A VERDADE ao público!